Sociedade cobra o governador Tarcísio, após massacres nas escolas estaduais: faltam psicólogos e seguranças para apoio à comunidade escolar.
Uma delas, a Escola Estadual Sapopemba foi alvo de um ataque a tiros na manhã do dia 23 de outubro, deixando uma garota morta e três estudantes feridos. A estudante Giovanna Bezerra Silva, tinha 17 anos, e levou um tiro na cabeça dentro da escola.
Na época, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário da educação Renato Feder prometeram aumentar a vigilância com a PM na ronda escolar e contratar mais psicólogos.
Passaram-se seis meses, após a morte da Giovanna na Escola Sapopemba, entre outros estudantes e educadores que também perderam a vida no interior de outras escolas estaduais, e a sociedade cobra a gestão do governo de São Paulo por falta de segurança e psicólogos nas escolas.
Familiares reclamam que alunos ficam ociosos na escola, com aulas vagas, o que aumenta as brigas na área interna, que são dispersadas por apenas um inspetor que monitora cada andar do edifício com muitas salas. Na saída, as brigas continuam na rua.
A direção da escola Sapopemba foi acusada pela comunidade escolar por omissão das ações, já que estavam informados sobre o caso do adolescente que ameaçava alunos.
Os alunos, que presenciaram o tiroteio, ficaram abalados e não quiseram voltar para a Escola Sapopemba, a maioria ainda não teve nenhum apoio psicológico.
Vitória tem três filhos menores, dois na educação infantil, e leva a sobrinha adolescente que faz o 1° ano do ensino médio na Escola Estadual Sapopemba. Ela tem medo e acha essencial ter polícia constante como ronda escolar e psicólogo.
“Acho importante ter e passarem a utilizarem esse profissional, né? Eu acho que todos, desde a educação infantil, todo mundo precisa.”
Alunos e familiares lamentam que não tem segurança, nunca teve psicólogo. Para eles, é raro as mães verem uma viatura na saída da escola. A preocupação aumenta devido aos constantes conflitos entre os adolescentes, ainda sem o apoio profissional de mediação e conciliação psicológica, apontam especialistas.
Na época, o governo de São Paulo prometeu melhorar a segurança nas escolas e contratar mais psicólogos. O secretário da Educação, Renato Feder, voltou a prometer mais psicólogos nas escolas, mas não é o que as famílias percebem.
De acordo com o Feder, ainda em 2023, 368 psicólogos começaram a frequentar escolas estaduais. Os profissionais fizeram, inicialmente, uma imersão na rede escolar e, a partir de 4 de setembro, passaram a lidar diretamente com as comunidades escolares. Os outros 182 profissionais começaram a trabalhar ao longo de setembro.
O número de psicólogos disponíveis para atendimento presencial na rede estadual de educação em São Paulo deveria ser de 1.100 profissionais — e não de 550, como foi anunciado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc).
Tarcisio na época disse que cada psicólogo deveria atender oito escolas, em média. O número pode variar de acordo com a demanda e a quantidade de alunos de cada unidade de ensino.
A psicóloga Valéria Campinas Braunstein, conselheira do Conselho Regional de Psicologia de SP e doutora em educação e saúde na infância e adolescência pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), avalia que o número de profissionais psicólogos é insuficiente para a demanda escolar de alunos e educadores.
Teriam que ser dois psicólogos de 6 horas para cada escola, minimamente. Com toda essa demanda, quem vai ter um problema de afastamento de saúde mental será o psicólogo. Ou ele entra para somar ou ele entra para dividir toda a tristeza que acontece dentro da escola”, apontou Valéria.
Segundo Valéria, a carga horária de 30 horas semanais por psicólogo não será suficiente para atender a demanda da comunidade escolar, já que a Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste, tem 1.800 estudantes e é considerada boa pelo governo
de São Paulo.
Embora seja considerada boa pelo governo de São Paulo, a Escola Estadual Sapopemba, em que Giovana foi morta, por estudante armado, tem uma rotina com vários relatos de problemas estruturais e violência.
Apesar da afirmação de Renato Feder sobre a escola ter recebido a visita de ao menos um psicólogo por mês, pais e estudantes foram unânimes em afirmar que nunca ouviram falar da presença desse tipo de profissional na escola, que tem 1.800 alunos.
O advogado da família do adolescente, autor dos tiros, disse que o rapaz foi encaminhado e atendido em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) por conta de problemas psicológicos.
Hoje, as reclamações de alunos e familiares não mudaram. Vem acontecendo há alguns anos na escola em que a adolescente foi morta por aluno armado.
Reportagem Márcia Brasil
Fonte: Apeoesp / Gov SP / Unifesp
Imagens: Marcia Brasil
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