Ataque de aluno a professoras e outros alunos em escola traz alerta sobre o abandono de governantes à comunidade escola
Alunos e profissionais da educação são vítimas da ausência de prefeitos e governadores, segundo especialistas
O ataque de um aluno que matou uma professora e feriu mais outras cinco pessoas, três professores e dois estudantes, em escola estadual, localizada na região oeste da capital, dia 27 de março, comoveu o país e jogou luz sobre a violência no ambiente escolar.
O aluno agressor já havia sido transferido de uma outra escola da região metropolitana, que solicitou à Secretaria da Educação do Estado acompanhamento psicológico do aluno, notificado para a família por boletim de ocorrência na delegacia, por agressão em escola estadual de Taboão da Serra, sendo transferido sem nenhum acompanhamento psicológico do Estado.
Segundo informações de sindicatos de professores, a secretaria de educação cortou 30 dias antes do ataque programas de apoio psicológico à comunidade escolar nas escolas do estado. Por esta razão, especialistas apontam um grande erro na gestão de governo.
O agressor, no dia do ataque, foi desarmado por professoras e apreendido por policiais que o levaram para a delegacia. Já a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, teve uma parada cardíaca após ser atacada e acabou morrendo no Hospital Universitário, da USP
De acordo com o depoimento na delegacia, a mãe do autor do ataque disse que sabia das conversas do filho com temática de ‘massacres’ em redes sociais. No dia do atentado, a mesma confiscou o celular por 24h do filho que se mostrou arrependido após o ataque.
O governador de SP, Tarcísio Nunes, e o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, postaram mensagens em suas redes sociais lamentando os ataques, ambos informaram que estudam colocar policiais nas escolas permanentemente.
Especialistas, professores e psicólogos criticam a postura dos governantes sobre o modelo de gestão na educação, e levantam questionamentos e visões sobre o comportamento do adolescente que agrediu a professora que o separou de uma briga por agir com racismo contra outro aluno.
“Sou Luana Bife, professora na zona Leste. Implemente de fato que já é uma pauta antiga a rede direta de proteção social, que haja um atendimento com psicólogos e assistentes sociais nas escolas,” reivindicou a professora
Nas análises gerais, alguns apontamentos na falha da secretaria da educação e dos governos municipais e estaduais quanto ao crescimento da violência nas escolas, que afetam tanto alunos quanto professores, como a professora Luana que concordou com as visões dos especialistas.
Alguns apontamentos em destaque:Os alunos precisam de acompanhamento psicológico e assistência social que agregue toda a família do aluno, quanto às necessidades psicossocial assistencial e econômica.
Redução de alunos por sala de aula; os professores não seguem com o currículo a contento por conta da superlotação em sala de aula.
Aulas orientadas na diversidade de gênero, etnico racial, modelo laico, ou seja, trabalhar conteúdos da educação com alunos para combater sexismo, homofobia, preconceitos, xenofobia, racismo e intolerância religiosa.
Orientação e acompanhamento da relação de alunos com jogos, ou seja, todo o mundo virtual. Crianças e adolescentes usam celulares e computadores em longos períodos, sem nenhuma avaliação psicológica ou observação de seus tutelares para impor limites desde cedo.
Os índices e números crescentes sobre bullying, agressão psicológica, verbal e física e assédio, alertam para o compromisso que tanto prefeitura quanto estado têm com as escolas.
Para os especialistas, é necessário fazer acompanhamento psicológico e terapia com acompanhamento na educação familiar e participação escolar do aluno, acolhimento, abordagem.
Muitos alunos passam parte do dia sozinhos em casa, não têm apoio ou qualquer acompanhamento dos seus tutelares. Muitos trabalham o dia inteiro e não tem tempo para os filhos. Outros familiares transferem sua responsabilidade para a escola
Ainda há uma consciência deturpada sobre a educação da família que acha que crianças e adolescentes precisam receber a educação total na escola, apontam os sindicatos.
De acordo com os especialistas, as reuniões nas escolas são essenciais para deixar claro os deveres e as competências de cada parte, seja dos responsáveis pelo aluno e da escola.
Reportagem: Márcia Brasil
Fonte: Sindsep/ Apeoesp/ Governo de São Paulo/ Prefeitura de São Paulo Imagens: Márcia Brasil/ Redes Sociais
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