Ação social para pessoas com deficiência faz a diferença no Parque Santa Madalena

Em 1982, um grupo de mães que morava no Parque Santa Madalena, no bairro Sapopemba, costumava se reunir no salão paroquial de uma Igreja localizada na região para proporcionar momentos de socialização para pessoas com deficiência. A ação independente e realizada de maneira mais espontânea, transformou em um grande projeto: o Núcleo de Apoio Social ao Cantinho da Esperança (NASCE).

Hoje em dia, o projeto atende mais de 300 pessoas por mês que têm de 7 a 18 anos. Além disso, também oferece residência para adultos com deficiência e tem como objetivo atender idosos.

Na ONG, os perfis das pessoas assistidas são organizados por grupos ou projetos. O Cantinho da Esperança, por exemplo, atende crianças de até 14 anos com grau leve; o espaço Josefa atende crianças acima de 14 anos com grau moderado a grave; o espaço Crê Ser Feliz atende crianças entre 7 a 14 anos com atividades para auxiliar no desenvolvimento escolar. E a Residência Inclusiva, que oferece moradia para cerca de 20 pessoas que possuem deficiência, são maiores de 18 anos e vivem em extrema vulnerabilidade. Além disso, o espaço Interação é dedicado para jovens que não possuem deficiência mas estão em condição de risco, proporcionando um ambiente com atividades socioeducativas.

Renato Nascimento atua como Assistente Social, “agora a gente está em um processo novo, que é o espaço Viva, que foi criado para atendimento aos familiares das pessoas com deficiência e resgatar um pouco a essência do bairro Parque Santa Madalena, que sempre foi um bairro de luta com esses projetos sociais”. De todos os projetos da ONG, o espaço Viva é o único que não possui convênio com a Prefeitura de São Paulo, mas a ideia dos coordenadores é que ele seja, assim como os outros espaços.

As atividades esportivas, socioeducativas, culturais e de lazer, tais como jardinagem e culinária, abraçam os jovens e adultos cadastrados na NASCE. Além de ser um espaço de socialização, de trocas afetivas e de cuidado, trazendo segurança para a vida das pessoas com deficiência que sofrem com a falta de inclusão em vários espaços da cidade, Renato avalia haver outros pontos positivos. Ele conta que há dois anos, foi feita uma avaliação da ONG por toda a coordenação, “e dessa avaliação a gente tirou uma frase que se chama ‘quebrando paradigmas’”. A ideia era fugir da ideia de redução de danos, da geração de renda e empregabilidade que acabam sendo ações paliativas, mas não transformadoras. “A gente começou a colocar esporte, cultura, marketing, montamos as redes sociais, então essa é a inclusão que a gente fez nesse processo de avaliação”.

No início da pandemia, com o isolamento social devido ao surto mundial de Covid-19, as pessoas atendidas pela NASCE adoeceram emocionalmente, pois tiveram sua vida transformada da noite para o dia. Para isso, algumas tentativas de ações nas casas dos assistidos foram feitas, mas os coordenadores da ONG encontraram muitos entraves, pois as atividades acabavam sendo isoladas e em um espaço menor, que era a casa dos assistidos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), o Brasil tem mais de 17 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, cerca de 8% da população acima de 2 anos. Desses, 68% possui o ensino fundamental incompleto, apenas 28% estão inseridos no mundo do trabalho. As deficiências auditiva, visual, muscular e intelectual são as que mais aparecem.

Políticas públicas continuam sendo o melhor instrumento para o desenvolvimento das capacidades, enfrentamento das desigualdades e para combater o preconceito, que exclui pessoas com deficiência pela falta de conhecimento dos não deficientes.

REPORTAGEM DE MAIARA MARINHO

Este projeto foi realizado com o apoio da 5a Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.

Informativo: Ação social para pessoas com deficiência faz a diferença no Parque Santa Madalena

Vídeo: Ação social para pessoas com deficiência faz a diferença no Parque Santa Madalena